
1) (UEL-2006)
As questões de 01 a 04 referem-se ao Canto V de Os Lusíadas (1572), de Luís Vaz de Camões (1524/5/1580).
XXXVII
Porém já cinco sóis eram passados
Que dali nos partíramos, cortando
Os mares nunca de outrem navegados,
Prosperamente os ventos assoprando,
Quando ua noite, estando descuidados
Na cortadora proa vigiando,
Ua nuvem, que os ares escurece,
Sobre nossas cabeças aparece.
XXXVIII
Tão temerosa vinha e carregada,
Que pôs nos corações um grande medo.
Bramindo,
o negro mar de longe brada,
Como se desse em vão nalgum rochedo-“Ó Potestade -disse -sublimada,
Que ameaço divino ou que segredo
Este clima e este mar nos apresenta,
Que mor cousa parece que tormenta?”
(CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas. 4ª. ed. Porto: Editorial Domingos Barreira, s.d. p. 332.)
Nos quatro últimos versos da estrofe de número XXXVIII
fazem-se presentes as palavras:
a) Da temerosa e carregada nuvem que surgira
repentinamente no céu.
b) Do negro mar que batia num rochedo, irritado com as
conquistas portuguesas.
c) De Baco, deus protetor dos mouros, que se viam
inconformados com as conquistas portuguesas.
d) De Paulo da Gama, presente entre os tripulantes da nau
chefiada por seu irmão.
e) De Vasco da Gama, herói português a liderar
embarcações rumo às Índias.
2) (Unicamp-2002)
Leia o seguinte soneto de Camões:
Oh! Como se me alonga, de ano em ano,
a peregrinação cansada minha.
Como se encurta, e como ao fim caminha
este meu breve e vão discurso humano.
Vai-se gastando a idade e cresce o dano;
perde-se-me um remédio, que inda tinha.
Se por experiência se adivinha,
qualquer grande esperança é grande engano.
Corro após este bem que não se alcança;
no meio do caminho me falece,
mil vezes caio, e perco a confiança.
Quando ele foge, eu tardo; e, na tardança,
se os olhos ergo a ver se inda parece,
da vista se me perde e da esperança.
a) Na primeira estrofe, há uma contraposição expressa pelos verbos
alongar e encurtar. A qual deles está associado o cansaço da vida e qual deles se associa à proximidade da morte?
b) Por que se pode afirmar que existe também uma contraposição no interior do primeiro verso da segunda estrofe?
c) A que termo se refere o pronome “ele” da última estrofe?
3) (Fuvest-2003) Oh! Maldito o primeiro que, no mundo,
Nas ondas vela pôs em seco lenho!
Digno da eterna pena do Profundo,
Se é justa a justa Lei que sigo e tenho!
Nunca juízo algum, alto e profundo,
Nem cítara sonora ou vivo engenho,
Te dê por isso fama nem memória,
Mas contigo se acabe o nome e a glória.
(Camões, Os Lusíadas)
a) Considerando este trecho dafala do velho do Restelo no contexto da obra a que pertence, explique os dois primeiros versos, esclarecendo o motivo da maldição que, neles, é lançada.
b) Nos quatro últimos versos, está implicada uma determinada concepção da função da arte. Identifique essa concepção, explicando-a brevemente.
4) (Fuvest-1999) Quando da bela vista e doce riso,
tomando estão meus olhos mantimento,(1)
tão enlevado sinto o pensamento
que me faz ver na terra o Paraíso.
Tanto do bem humano estou diviso, (2)
que qualquer outro bem julgo por vento;
assi, que em caso tal, segundo sento,(3)
assaz de pouco faz quem perde o siso.
Em vos louvar, Senhora, não me fundo,( 4)
porque quem vossas cousas claro sente,
sentirá que não pode merecê-las.
Que de tanta estranheza sois ao mundo,
que não é d'estranhar, Dama excelente,
que quem vos fez, fizesse Céu e estrelas.
(Camões, ed. A.J. da Costa Pimpão)
1 Tomando mantimento - tomando consciência
2 Estou diviso - estou separado, apartado.
3 Sento - sinto
4 Não me fundo - não me empenho.
a) Caracterize brevemente a concepção de mulher que este soneto apresentava.
b) Aponte duas características desse soneto que o filiam ao Classicismo, explicando-as sucintamente.
5) (UEL-2006)
As questões de 01 a 04 referem-se ao Canto V de Os Lusíadas (1572), de Luís Vaz de Camões (1524/5/1580).
XXXVII
Porém já cinco sóis eram passados
Que dali nos partíramos, cortando
Os mares nunca de outrem navegados,
Prosperamente os ventos assoprando,
Quando ua noite, estando descuidados
Na cortadora proa vigiando,
Ua nuvem, que os ares escurece,
Sobre nossas cabeças aparece.
XXXVIII
Tão temerosa vinha e carregada,
Que pôs nos corações um grande medo.
Bramindo, o negro mar de longe brada,
Como se desse em vão nalgum rochedo
-“Ó Potestade -disse -sublimada,
Que ameaço divino ou que segredo
Este clima e este mar nos apresenta,
Que mor cousa parece que tormenta?”
(CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas. 4ª. ed. Porto: Editorial Domingos Barreira, s.d. p. 332.)
Há, na passagem selecionada, o registro de mudança no cenário. Trata-se do prenúncio de agouros a serem efetivados:
a) Pelo velho do Restelo, encolerizado frente à excessiva vaidade do povo português.
b) Pelos mouros, inconformados com as sucessivas conquistas dos portugueses.
c) Pelo velho do Restelo, irritado diante de tantas glórias relatadas por Vasco da Gama.
d) Pelo gigante Adamastor, irritado com o atrevimento do povo português a navegar seus mares.
e) Pelo promontório Adamastor, maravilhado com a tecnologia náutica dos portugueses.
6) (Fuvest-2000)
Considere as seguintes afirmações sobre a
fala do velho do Restelo, em Os Lusíadas:
I -No seu teor de crítica às navegações e conquistas,
encontra-se refletida e sintetizada a experiência das perdas que causaram, experiência esta já acumulada na época em que o poema foi escrito.
II -As críticas aí dirigidas às grandes navegações às conquistas são relativizadas pelo pouco crédito atribuído a seu emissor, já velho e com um “saber só de experiências feito”.
III -A condenação enfática que aí se faz à empresa das navegações e conquistas revela que Camões teve duas atitudes em relação a ela: tanto criticou o feito quanto o exaltou.
Está correto apenas o que se afirma em
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) I e III.
7) (Fuvest-2001)
Em Os Lusíadas, as falas de Inês de Castro e do Velho do Restelo têm em comum
a) a ausência de elementos de mitologia da Antigüidade clássica.
b) a presença de recursos expressivos de natureza oratória.
c) a manifestação de apego a Portugal, cujo território essas personagens se recusavam a abandonar.
d) a condenação enfática do heroísmo guerreiro e conquistador.
e) o emprego de uma linguagem simples e direta, que se contrapõe à solenidade do poema épico.
8) (FMTM-2002) Endechas à escrava Bárbara
Aquela cativa,
que me tem cativo
porque nela vivo,
já não quer que viva.
Eu nunca vi rosa
em suaves molhos,
que para meus olhos
fosse mais formosa.
Uma graça viva,
que neles lhe mora,
para ser senhora
de quem é cativa.
Pretos os cabelos,
onde o povo vão
perde opinião
que os louros são belos.
Pretidão de Amor,
tão doce a figura,
que a neve lhe jura
que trocara a cor.
Leda mansidão
que o siso acompanha;
bem parece estranha,
mas bárbara não.
Vocabulário:
Endechas: Versos em redondilha menor (cinco sílabas).
Molhos: feixes.
Leda: risonha.
Vão: fútil.
Em sua obra, Camões continua a tradição da conduta amorosa das cantigas medievais. Nela, a mulher amada era considerada
a) responsável pelas contradições e insatisfações do homem.
b) símbolo do amor erótico.
c) incapaz de levar o homem a atingir o Bem.
d) um ser impuro e prejudicial ao homem.
e) uma pessoa superior, fonte de virtudes.
Fonte: Projeto Medicina